São 5h15 e o sol se apresenta ainda preguiçosamente. O despertador toca. Claudio acorda. Levanta e passa um café, que para ele tem um sabor especial. Cláudio literalmente, não vive sem café. E não é força de expressão.
O produtor rural se arruma, entra na caminhonete e percorre 10 quilômetros da cidade até o sítio São João, onde toma mais um café com a mãe.
O dia está começando.
No campo ele vai fazer uma infinidade de coisas, como ajudar na colheita, organizar a equipe, cuidar do barracão, comprar insumos e cuidar da comercialização do produto.
A colheita está no início e não dá para deixar nada para depois.
Claudio e o pai produzem café em Lambari, município de 20 mil habitantes no Circuito da Águas, em Minas Gerais. O cafezal tem 45 mil pés de um produto de extrema qualidade, padrão exportação.
A região montanhosa e a altitude de cerca de 1.500 metros dão aos frutos qualidade especial. Mas também requerem muito mais esforço: o manejo e a colheita exigem trabalho manual, em razão da topografia.
Para dar conta da demanda a propriedade tem 4 funcionários. Em tempos de colheita, como agora, são contratados outros 10. “Usa a máquina só no carreador, para pegar o café na roça e levar para o terreiro”, explica o agricultor Claudio Magalhães, de 36 anos.
O começo da colheita anima. “O café está bom”, diz Claudio. “Parte da lavoura é nova, então não pode esperar madurar muito, pois se não acaba atrasando a colheita do ano que vem”, completa. Embora os frutos tragam otimismo, ele diz que a colheita boa dessa área vai ser no próximo ano. “Cada talhão de café produz bem um ano e no outro, não tanto”.
Atualmente, o café está valorizado. No entanto, os insumos também encareceram, então Cláudio acha que ficará num empate. “Como os insumos estão caros, mesmo o café estando valorizado, não sei se vamos ganhar a mais. O lucro vai ser quase a mesma coisa ou menos”.
Pai de uma menina de 12 anos e casado, para Claudio só a família importa mais que o campo. Criado na roça e conhecendo os cafezais desde que nasceu, parafraseando Raduan Nassar, ele não descuida o rebento de cada semente, e nem o viço em cada transplante, sabe ouvir os apelos da terra em cada momento, apaziguá-los quando possível, dar a ela o vigor pra qualquer cultura, e embora respeitando o seu descanso, fazer com que cada palmo de chão produza.
E produz. E com qualidade, em sintonia com a maior exigência do consumidor. Claudio já cultivou quantidades maiores. Hoje, produz menos, com um motivo: elevar a qualidade do café.
“Antes não tinha diferencial. Vendia ao mesmo preço. De uns tempos para cá, se eu fizer café melhor, consegue um preço maior”. A manutenção do alto nível do produto exige com que ele invista em insumos da melhor tecnologia, correção de solo e fertilização.
Tudo isso para que chegue na mesa do consumidor o melhor café. Aquele que alegra o dia e dá energia para o que der e vier.
A cada colheita, Cláudio sabe que café que não costuma falhar. “A região é muito abençoada, nunca tivemos perdas. Posso largar o café no pé e não perde, a não ser a qualidade”.